nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Ondulação do ventre
escrevi-te nas horas distraídas de ser,
e ondulei algas sobre o ventre.
na paixão, sobrevoei algas
mortas, e vi águas
azuis, vivas,
perenes.
seria um sonho,
ou, talvez, a água desperta que cai
nas rochas serenas da vontade. seria,
talvez, a eterna incompletude que cerceia
as águas onde, em repouso sereno, vivem braços
que, no dia a dia, se atomizam, desfazem, reduzem
a escrever, nas horas distraídas de ser,
onde as algas semeiam sobre o ventre.
Susana Duarte
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