domingo, 12 de abril de 2015

de olhos fechados



percorro-te caminhos situados nas nervuras das veias
e subo montanhas onde os poros se revelam aves soltas

as montanhas são heras trepadeiras que voam rumo
a lugares que não sei. deusas conspiram para que as asas


quebrem

e a queda sobre as ervas madrugadoras seja a realidade
imposta às sonoridades dos meus olhos. os olhos

não te vêem e,

na queda das águas da manhã, não seguram a tristeza.
amar-te é a queda das folhas sobre gotas orvalhadas
de uma montanha longínqua. e as sobras das neves.
percorro-te. sonho-te. sinto-te onde não te vejo. estranho

as auroras

pálidas do desejo de ser água. percorro-te. sonho-te.
sinto-te onde não te vejo. as danças pagãs pararam

nas portas das montanhas cobertas de gotas orvalhadas

pela tua longa ausência. sei-te onde não estás. percorro-te
marés e encontro-te nas portas da noite. de olhos fechados.

Susana Duarte

1 comentário:

  1. Um poema cheio de terra, do cheiros dos ventos e das folhas que nos tocam na alma.
    Hoje li uma frase que me despertou e que completa o teu pensamento.
    A nossa sociedade cresce em técnica e novas descobertas mas cada dia se afasta mais da verdadeira humanidade e fraternidade

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