Poesia
(ouvindo Bjork, “Pagan Poetry”, ao piano)
nascesse das fragas, e não seria menos escarpada a poesia que de ti nasce.
nascesse das águas revoltas do oceano, não seria menos aquática, a poesia.
nasce, de ti, nasce das papilas da língua e dos cílios, e das mãos, e das noites
entregues à formação poética do amor que, em ti, ecoa. em ti, a noite; em ti, o dia.
de ti, a poesia latente no movimento das asas. de ti, as noites caídas sobre as águas.
de mim, apenas as rochas suspensas sobre a vontade. de mim, as asas feitas noite. e as coxas
onde cai a água, e as pernas juntas sob o sol, e a poesia, lago onde te perdes e nasces
das fragas, e das águas, e de ti, e do dia.
Susana Duarte
"Pangeia" - a lançar em Outubro pela Alphabetum Edições Literárias
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