quarta-feira, 31 de agosto de 2016


"Regressamos sempre aos velhos lugares onde amávamos a vida e só então compreendemos que não voltarão jamais todas as coisas que nos foram queridas. O amor é simples e o tempo devora as coisas simples"

José Eduardo Agualusa


https://m.youtube.com/watch?v=YQKqzF7En_s

terça-feira, 30 de agosto de 2016

despedi-me dos teus olhos
na clara manhã, lá onde as mãos 
se tornavam líquido incandescente

sobre os seios. foi aí que me despedi
de ti. absorta desde então,
aprendi a iluminar as veias 
com os breves sorrisos imaginados,
rasgados
pela falta dos pés,

os teus,
suspensos da vontade.

despedi-me dos teus olhos
na clara manhã dos silêncios 
sussurrados entre os corpos já distantes.

as manhãs nunca mais foram claras.
as tuas mãos não mais trilharam o caminho.

o corpo fez-se estátua de areia,
retida no tempo,
salgada e inerte,

como a tua viagem.




quarta-feira, 24 de agosto de 2016

"Existes; não existes; és talvez
a memória da memória da memória,
um pensamento apenas, uma asa,
que de tão leve e cega, cega a água."

Do meu primeiro Joaquim Pessoa, "O Amor Infinito", Moraes Editores



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

é no silêncio das vozes que se ouvem as palavras,

e é nelas que habitam as paixões.

no seio dos silêncios, ocultam-se memórias
e criam-se mitos. no silêncio dos mitos,
olhos vívidos destroem impossibilidades
e recriam vidas-vividas-sonhadas-rarefeitas
pelas geografias, ou pelos limites humanos,

ou pelo excesso de palavras interditas.

[silêncio]

Susana Duarte





terça-feira, 16 de agosto de 2016



deixar os dedos onde as árvores falam e as aves
calam memórias, mantém vivos os nós dos dias
e a imprecisão dos sonhos. 

não sei de onde vêm


as absurdas imagens que persistem nas veias, 
ou as fotografias tiradas sob a luz esmaecida 
dos tempos. deixar as aves calar as memórias,
desabita a retina 

e deixa vítreos os grãos de areia


outrora revolvidos por mãos ansiosas, ágeis,
descomedidas nos toques e na procura dos corpos.

outrora absurdas, eis as veias ondulantes, mulheres 
desmedidas e intensas na avidez dos olhares.
mulheres. grãos de areia 

nos corpos amantes,

vítreas nos olhares com que se estendem, aves
elas próprias, 

na ignomínia dos abandonos.

Susana Duarte


"O encantamento vem com o compromisso. E o encantamento só se recupera com maior compromisso. Esta é a lógica do amor." 
(P. Vasco Pinto Magalhães, sj)



domingo, 7 de agosto de 2016

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Alegria



Já ouço gritos ao longe 
Já diz a voz do amor 
A alegria do corpo 
O esquecimento da dor 


Já os ventos recolheram 
Já o verão se nos oferece 
Quantos frutos quantas fontes 
Mais o sol que nos aquece 


Já colho jasmins e nardos 
Já tenho colares de rosas 
E danço no meio da estrada 
As danças prodigiosas 


Já os sorrisos se dão 
Já se dão as voltas todas 
Ó certeza das certezas 
Ó alegria das bodas 


José Saramago, in "Provavelmente Alegria"


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...