terça-feira, 16 de agosto de 2016



deixar os dedos onde as árvores falam e as aves
calam memórias, mantém vivos os nós dos dias
e a imprecisão dos sonhos. 

não sei de onde vêm


as absurdas imagens que persistem nas veias, 
ou as fotografias tiradas sob a luz esmaecida 
dos tempos. deixar as aves calar as memórias,
desabita a retina 

e deixa vítreos os grãos de areia


outrora revolvidos por mãos ansiosas, ágeis,
descomedidas nos toques e na procura dos corpos.

outrora absurdas, eis as veias ondulantes, mulheres 
desmedidas e intensas na avidez dos olhares.
mulheres. grãos de areia 

nos corpos amantes,

vítreas nos olhares com que se estendem, aves
elas próprias, 

na ignomínia dos abandonos.

Susana Duarte


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