domingo, 23 de outubro de 2016

Antítese

Antítese
(ouvindo Aesthesys, “Dreams are only real as long as they last”)










sou a antítese dos mares.                                            escondo-me das flores onde a luz não chega,
e da luz,  onde as flores desmaiam ante o bater de asas das borboletas azuis.           escondo-me
onde as luas me navegam.                              sou um exoplaneta frutado de luas sonoras, e a veia
onde os teus passos criaram a sede.          sou a antítese de mim  mesma, e o contrário de tudo.

persigo  as ondas onde os mares se afundam em areias prístinas,                e acendo os grânulos
de silício das praias com os passos dados em auroras distantes.                     nessas auroras vives
tu, ser flávio das noites antigas.                          és a antítese de mim, e aquele que me completa.



interrogas-me onde a estranheza se instala.    escondes-me de mim onde me perdes e me tens.


é  por ti que sou a antítese do ventre,    e a demora das manhãs  frutadas,     e das noites  vivas.


Susana Duarte
Do livro "Pangeia", a lançar 

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