és inconstante como as nuvens,
e discreto como as aves. és
a solução última das águas,
que se apartam quando as rochas
fendem os futuros e alienam
os rios. queres o meu silêncio,
tanto quanto queres o meu grito.
não sabes, ainda, para onde vais.
és inconstante como as nuvens,
e belo como as ondas. talvez
caibas onde não cabem sonhos.
sei que permaneces navegável,
apesar da distorção da rota,
e que as rotas são como veias,
esculpidas, improbabilidades
de um peito desenhado, vermelho
e áspero como as noites frias
de um inverno qualquer.
és inconstante como a maré
jovem que te trouxe até mim,
e improvável como as manhãs
que habitei nos dias de antes.
talvez saibas onde me encontrar.
eu ainda não sei qual foi a maré
que me trouxe aos dias que habito.
Susana Duarte