sexta-feira, 14 de junho de 2019



és inconstante como as nuvens,

e discreto como as aves. és 

a solução última das águas,

que se apartam quando as rochas

fendem os futuros e alienam

os rios. queres o meu silêncio,

tanto quanto queres o meu grito.




não sabes, ainda, para onde vais.

és inconstante como as nuvens,

e belo como as ondas. talvez

caibas onde não cabem sonhos.




sei que permaneces navegável,

apesar da distorção da rota, 

e que as rotas são como veias,

esculpidas, improbabilidades

de um peito desenhado, vermelho

e áspero como as noites frias

de um inverno qualquer.




és inconstante como a maré

jovem que te trouxe até mim,

e improvável como as manhãs

que habitei nos dias de antes.




talvez saibas onde me encontrar.

eu ainda não sei qual foi a maré

que me trouxe aos dias que habito.




Susana Duarte

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