segunda-feira, 19 de agosto de 2019



deixar os dedos onde as árvores falam

e as aves calam memórias, mantém vivos 

os nós dos dias e a imprecisão dos sonhos.




não sei de onde vêm as absurdas imagens 

que persistem nas veias, ou as fotografias

tiradas sob a luz esmaecida dos tempos.deixar

as aves calar as memórias, desabita a retina 

e deixa vítreos os grãos de areia- outrora 

revolvidos por mãos ansiosas, ágeis,

descomedidas nos toques e na procura 

dos corpos; outrora absurdas, as veias

ondulantes, mulheres desmedidas e intensas 

na avidez dos olhares. mulheres. grãos de 

areia nos corpos amantes, vítreas nos olhares

com que se estendem, aves elas próprias, 




na ignomínia dos abandonos.




Susana Duarte

2016

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