sexta-feira, 28 de junho de 2024

 sinto falta dos teus braços,

onde navego momentos de um tempo 

                     

                             suspenso.


sei onde estás, braços salgados

da procura, e reflicto neles as águas cálidas 

de um ventre nú. és a manhã desassombrada


e o suave descanso dos ombros 

sobre a opressão dos dias. és a criação 

de uma aurora, desenhada a óleo 


sobre os meus olhos

              (onde escondes o sorriso)


eles próprios suspensos, farol e faroleiro 

de uma vontade afogada nos dias de ontem,

talvez de  todos os ontens. reencontro 


   os dias de verão onde suas temores.

              desaguo na foz de um rio novo, e rio.



  Susana Duarte 



 volto a ti como quem volta à raíz 

e segrega seiva adormecida

por onde os braços  

procuram 

afagos 


ou palavras

de amor e de glória,

escondendo-se sob vertentes

outrora úmbrias, agora solares, asas


soltas  da nossa vontade 

de ascender 

ao segredo,


à alquimia de transformar em luz

a antiga obscuridade,

parindo asas

desiguais


onde os olhos descansam.


Susana Duarte 




sábado, 22 de junho de 2024


 Rendição 


foi a flor do teu olhar que me trouxe 

o dia luminoso 

e a manhã do teu beijo.


foi a flor das tuas palavras,

e a sombra dos dias

que me iluminaram os lábios,

devolvendo as asas ao corpo


 no Penedo,


onde retirei as mãos das rochas

e sorri. foi a flor do teu olhar.


sabes dos teus e dos meus dias,

e sabes que a solidão é maior depois 

de enrubescer os lábios.


foi a flor do teu sorriso que me sorriu,

amando-me as trevas e a luz,

as montanhas e os vales


e os abraços outrora sonhados.

foste tu, e és tu, e sou eu


(mãos dadas no Penedo)

     a fazer capitular o medo.


Susana Duarte

21/06/2024



 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...