quinta-feira, 15 de maio de 2025

 estilhaçam-se as palavras


[silêncio]


ante o silêncio da tua voz.


as aves continuam sós

[assim estamos]


Susana Duarte


Minha mãe, Maria Elisa Rodrigues Ribeiro. Saudade eterna do teu sorriso, da tua voz, da tua doce presença. 




segunda-feira, 12 de maio de 2025

 há um poema por escrever 

em todos os passos que não dás.


todas as ondas são marés 

ruivas de desalento, 


e o poema

 escrito nas veias, 

inscrito na tua ausência,

nos passos solitários de todos os dias


é um poema 

onde se demoram aves

e sonhos dúbios.


aparecem insectos

no meu caminho, sons inesperados

(talvez sinais)


mas o poema continua por escrever.

como ele,  demoro-me

nos beirais dos dias. espero


pelas aves, pelas palavras, 

pelas noites em que dormir 

é o oblívio.


gatos ciciam diálogos

incompreensíveis, e caminham 

sós pelas ruas de antes.


como caminho eu,

nos dias de agora, tão incongruentes 

como a ausência 

que me perfura 


o coração aflito.


Susana Duarte 


Minha mãe, Maria Elisa Ribeiro 

08/02/2025-10/02/2025-10/05/2025

 sei das rosas      que amavas

e da delicadeza   do toque,

ainda que as        memórias 

obnibuladas             pela dor,

se ausentem        de mim.


soubesse eu de ti, e dar-te-ia

as mãos             e os abraços 

e os sorrisos      e as carícias  

a que, ainda ontem,    assisti 

na missa sagrada: uma mãe,


mão dada com a mão da filha:

movimentos carinhosos 


e as lágrimas dos meus olhos


ora acesos,

ora apagados,


tristes olhos, os meus,          sem ti

triste persona, a minha,        sem ti.


perdoa-me, filha, 

por querer ser mãe e sentir tanta falta

da minha.     nos abraços que me dás 

e me completam, 


               incompleta que estou


sem os braços de quem me chamava 

filha, oh filha, Susy, sinto -me tão só,

assim me sinto eu, a tentar a alegria


na ausência excruciante da tua voz.


Susana, tua filha.

Sinto a tua falta, mamã, Maria Elisa, Lusibero.


domingo, 4 de maio de 2025

 "se alguma vez me vires em sonhos

sacode-me a terra ao coração"

valter hugo mãe 





         visita-me,          ora por mim,

visita o meu rosto,  ora por mim,   ouve 

           os meus gritos,  ora por mim.


            dá som aos meus silêncios.

           (quero tanto ouvir a tua voz)


prometo estar atenta, 

        olhar na tua direcção

e derramar os meus olhos

                            sobre o teu coração 


débil 


outrora tão forte,    presente (ora por mim)

amante das rosas 


e das gotas de chuva 


e dos idos

        de Outubro do teu aniversário.


ora por mim,                   ora por nós 

    "Avé Maria que estais nos céus"


e deixa que a tua presença me sorria,

    diluindo as névoas que passaram a habitar 

                -me os olhos ausentes 


porque não estás aqui,

perto de mim,


   onde poderia ver-te.   ora por mim.


      o abraço perdeu -se no silêncio

da eternidade onde esperas.   ora por mim. 


           ouve-me. ouve o meu grito silente.


"Ave Maria, cheia de graça.". Maria. Mãe.


               ora por mim. ora por nós.


Susana Duarte 

Para ti, minha mãe, Maria Elisa Rodrigues Ribeiro 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

 o tempo desfolhou as flores


que, outrora, trazia no peito.




desfolhou-as


num instante, quando os olhos 


se moveram ao encontro 




das mãos


    e do peito


           e da voz




desfalecidas num segundo,


o segundo breve de o tempo 




deixar de o ser,




de a ave que em nós havia


ser levada pelas ondas sonoras 


daquela madrugada em que as mãos 




partiram




deixando as flores 


desfolhadas 


no peito do imenso desalento




         da tua enorme ausência




sem que o Tempo volte a ser


tempo de escreveres pétalas das flores




em mim.




Susana Duarte com Maria Elisa Ribeiro, minha mãe ✨🤍🌌🙏


 


 e agora, dormes. velo o teu sono (habito-o?)  onde a morte te apartou de mim e o vento tudo derruba dentro do meu peito triste. só as aves ...