há um poema por escrever
em todos os passos que não dás.
todas as ondas são marés
ruivas de desalento,
e o poema
escrito nas veias,
inscrito na tua ausência,
nos passos solitários de todos os dias
é um poema
onde se demoram aves
e sonhos dúbios.
aparecem insectos
no meu caminho, sons inesperados
(talvez sinais)
mas o poema continua por escrever.
como ele, demoro-me
nos beirais dos dias. espero
pelas aves, pelas palavras,
pelas noites em que dormir
é o oblívio.
gatos ciciam diálogos
incompreensíveis, e caminham
sós pelas ruas de antes.
como caminho eu,
nos dias de agora, tão incongruentes
como a ausência
que me perfura
o coração aflito.
Susana Duarte
Minha mãe, Maria Elisa Ribeiro
08/02/2025-10/02/2025-10/05/2025
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