segunda-feira, 12 de maio de 2025

 há um poema por escrever 

em todos os passos que não dás.


todas as ondas são marés 

ruivas de desalento, 


e o poema

 escrito nas veias, 

inscrito na tua ausência,

nos passos solitários de todos os dias


é um poema 

onde se demoram aves

e sonhos dúbios.


aparecem insectos

no meu caminho, sons inesperados

(talvez sinais)


mas o poema continua por escrever.

como ele,  demoro-me

nos beirais dos dias. espero


pelas aves, pelas palavras, 

pelas noites em que dormir 

é o oblívio.


gatos ciciam diálogos

incompreensíveis, e caminham 

sós pelas ruas de antes.


como caminho eu,

nos dias de agora, tão incongruentes 

como a ausência 

que me perfura 


o coração aflito.


Susana Duarte 


Minha mãe, Maria Elisa Ribeiro 

08/02/2025-10/02/2025-10/05/2025

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