recolhi as palavras que te tornavam real
sob o toque inacabado das mãos
que me deixaste: caídas,
desamparadas e cegas. faltavas-me,
mas sugaste os sorrisos,e os dedos
das mãos. faltavas-me e, todavia
eu sabia que não residias nas ondas
dos meus seios, ou nas curvas negras
dos cabelos revoltos pelo temporal
da tua presença.
tu, habitante flávio dos meus dedos,
pequeno nada onde perdi as sombras
das palavras e da boca rubra, totémica e despojada que depositei nos teus braços
faltavas-me,
mas recolhi as palavras, tanto como o corpo por onde, irados, desenhámos arabescos
que são da ordem das quimeras e das transumâncias a que me condenaste
depois.
Susana Duarte
2021
Em tempos, escrevia assim.
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