domingo, 15 de junho de 2025

 esqueci-me dos sonhos de ontem

quando o serão, desolador, 

se despediu da noite


e a noite, essa, anunciou a madrugada 


em que  os passos se perderam


(tanto quanto o corpo

se apartou da pele,


e a pele, dos ossos,

e os ossos, da alma,


e a madrugada anunciou a despedida 

da ave, 

de todas as aves,

de todas as primaveras vindouras).


não esqueço a madrugada silente, 

embora migre em cada noite  

para o lugar do oblívio


(onde me deixaste, vivem as palavras

despudoradas


da existência 

de todos os que continuam, 


a cada dia,


a usar cada um dos vôos

que nos ensinaste, cada ave falando de ti,


cada uma delas a pena

e o osso

e a pele 

e a memória 


que me veste desde o avesso da pele,

residindo tu em cada célula,

movimento, 

fôlego 


e mirada).


Susana Duarte 


Contigo, minha mãe, Maria Elisa Ribeiro 🙌 🤍 ✨ 


Susana Duarte


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