esqueci-me dos sonhos de ontem
quando o serão, desolador,
se despediu da noite
e a noite, essa, anunciou a madrugada
em que os passos se perderam
(tanto quanto o corpo
se apartou da pele,
e a pele, dos ossos,
e os ossos, da alma,
e a madrugada anunciou a despedida
da ave,
de todas as aves,
de todas as primaveras vindouras).
não esqueço a madrugada silente,
embora migre em cada noite
para o lugar do oblívio
(onde me deixaste, vivem as palavras
despudoradas
da existência
de todos os que continuam,
a cada dia,
a usar cada um dos vôos
que nos ensinaste, cada ave falando de ti,
cada uma delas a pena
e o osso
e a pele
e a memória
que me veste desde o avesso da pele,
residindo tu em cada célula,
movimento,
fôlego
e mirada).
Susana Duarte
Contigo, minha mãe, Maria Elisa Ribeiro 🙌 🤍 ✨
Susana Duarte
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