Fragmentos de noite terminam aqui, quebradas as asas do som
das imagens rasuradas que deixaste atrás. Os pensamentos são
incandescências que libertam e deixam fluir; cada seixo tem o dom
de fragmentar o rio, a rocha-mãe, a eterna e inevitável solidão
de um cálamo. Ocos são os entrenós. Ocos são os inevitáveis adeus.
Canta-se uma rapsódia de pedra e saliva, onde o teixo sorve a água
e se torna arco de guerra. Da rapsódia da noite erguem-se os teus
flocos de chuva quente em que se enrola e aquece uma antiga mágoa.
Mágoa de tempos, odores-canela, chuvas frias de noites sem fim.
Em Fevereiro, florescem acácias. Do amarelo-inverno que irrompe delas,
renova-se o voto de um florescer sereno, enquanto na chuva de mim
se esconde o dia e acontece a noite. Uma gema de mim. Abro janelas.
Quem quer saber das cores da lua não se esconde no rio. Alecrim perfumado.
Alegria e frutas. Resina. Ar. Árvore rosácea. Suspito profundo. Mundo.
Mundo em mim. Ode eterna. Canção alada. Mar revolto que serena.
Canção de gotas de fogo e mel. Flores de anvula. Precipício, mar… vou fundo
na percepção, que muda cada estrela e transforma o sonho numa míriade terrena
de estrelas onde os campinos elevam as flores da planície ao alto das montanhas geladas de algo antigo, que reluz sob as sombras de uma araucária alada.
A descoberta de si fica para além do sonho. Eterna e contraditória busca da exatidão do SER.
( Susana Duarte)
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
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Coimbra, cidade mágica... Coimbra é noite, é luar e desassossego.. Coimbra é rua, multidão, palavras soltas. É mulher, sabedoria e tradição....
Foi soberbo ler-te no facebook e voltas com prosas belíssimas cheias de encanto e de magia. Os momentos que proporcionas pelo efeito mágico das palavras, tõ bem usadas e desfiadas num concerto leve e remanso, transportaram-me, lá como aqui, a dimensões grandes, belas e nobres.
ResponderEliminarUm dia vou aprender a escrever assim :)
Muito, muito belo, Susana!
Um gd beijinho amigo