.vou escrever-te na maré das cores que me habitam.
.na serenidade clara das flores, saberás onde moram.
Fomos aves feitas de ondas, desfeitas na espuma
onde as areias consomem as vagas. Fomos escunas
navegantes de águas calmas, onde a paixão habita
as estrelas. Fomos aves. Fomos feitos de espuma.
Fomos aves. Fomos flores. Fomos unos na vida
que sonhámos, ainda antes de nós, ainda antes
... de mim, de ti, da vida e do mar. Seremos, de novo,
a agitação das névoas quando os pescadores rompem
o mar. Seremos, de novo, a crispação das águas
quando as tempestades se impõem. Seremos, enfim,
a navegação solitária dos corações que se encontram
e, do mundo, se desligam e tolhem. Seremos luas.
.vou escrever-te na maré serena onde a vida nos habita.
. na serenidade do coração que reconheço, seremos,
enfim, o futuro que prevalece sobre as trovoadas.
Susana Duarte
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
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