sábado, 18 de fevereiro de 2012

RAMOS

vou escrever um poema em forma de árvore, cadavre-exquis
de uma existência estranha. soberana, a árvore impõe-se e
eleva-se nos braços das bermas que percorro, e entranha-se
a beleza, e a doentia estranheza, de ter uma árvore no peito.
deito as sombras sobre os ramos e refaço os passos no leito.
vou escrever palavras em forma de poema, e das palavras,
sobrarão estrelas que habitarão a ponta de cada ramo. abres
as portas dos ramos e encontras a poeira da estrada, a beleza
da caminhada, cada sombra escondida, cada asa, tão ferida,
como as asas de uma ave nascida muda. vou escrever sonhos
onde as nuvens habitam pensamentos, e cirros são algodões
de mim, flutuantes em cada linha do poema por escrever.

Susana Duarte
 

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