nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
domingo, 25 de março de 2012
sábado, 24 de março de 2012
canto as flores que te crescem nas asas, meu amor
no amor, canto as flores que te enrubescem o rosto,
meu amor
em todas as línguas do mundo, canto as tuas flores
e, no ventre, escondo os sonhos e os olhares trocados
... nas noites seculares dos nossos amores. janela.
janela na minha alma. alma entronada pelo teu rosto.
Susana Duarte, ouvindo Périplus de Amélia Muge e Michales Loukovikas
no amor, canto as flores que te enrubescem o rosto,
meu amor
em todas as línguas do mundo, canto as tuas flores
e, no ventre, escondo os sonhos e os olhares trocados
... nas noites seculares dos nossos amores. janela.
janela na minha alma. alma entronada pelo teu rosto.
Susana Duarte, ouvindo Périplus de Amélia Muge e Michales Loukovikas
sexta-feira, 23 de março de 2012
FRACTAIS
um desespero estranho e poderoso reside na ausência
e no desconhecimento.
uma tristeza
avassaladora como uma vaga sombria
algures, no seio
da noite
onde caminha, serena,
a sombra
da solidão
... onde navegam pescadores
e flutuam sonhos
fractais
e vidraças
pintadas com imagens dúbias.
Susana Duarte
um desespero estranho e poderoso reside na ausência
e no desconhecimento.
uma tristeza
avassaladora como uma vaga sombria
algures, no seio
da noite
onde caminha, serena,
a sombra
da solidão
... onde navegam pescadores
e flutuam sonhos
fractais
e vidraças
pintadas com imagens dúbias.
Susana Duarte
sábado, 17 de março de 2012
NUDEZ
estou nua,
e o espelho, à minha frente.
oiço a passagem de uma borboleta azul
que se poisa no ombro onde, outrora,
habitou a suave flor de um beijo, e o sabor
das romãs, desocultadas da noite,
vencidas pelas manhãs cansadas
do amor e da seda
dos teus braços.
na nudez,
celebro as asas da noite.
a noite em que, nua, me desfiei sob o olhar
que me navegou e, sonhada, desviei os medos
e todos os anseios anteriores.
escondi-os num rio oculto,
onde fingia viver,
e nas tuas mãos,
através das tuas mãos,
descobri-me perseida
na nudez
dos teus braços.
Susana Duarte
estou nua,
e o espelho, à minha frente.
oiço a passagem de uma borboleta azul
que se poisa no ombro onde, outrora,
habitou a suave flor de um beijo, e o sabor
das romãs, desocultadas da noite,
vencidas pelas manhãs cansadas
do amor e da seda
dos teus braços.
na nudez,
celebro as asas da noite.
a noite em que, nua, me desfiei sob o olhar
que me navegou e, sonhada, desviei os medos
e todos os anseios anteriores.
escondi-os num rio oculto,
onde fingia viver,
e nas tuas mãos,
através das tuas mãos,
descobri-me perseida
na nudez
dos teus braços.
Susana Duarte
faz eco dos meus silêncios.
pensa-me na noite que, fria, me deixa orvalhada
das memórias do teu corpo sobre a pele.
... sonha-me nas águas cálidas do meu ventre
e deixa-me ficar.
sobrevoa-me na escarpada por onde sigo
as memórias da tua boca
e, no fim, ama-me.
esquece as horas.
do relógio, retém, se puderes, apenas...os minutos gastos
na tessitura dos meus sonhos, onde a única impossibilidade
é tornar-me água, e descer sobre os teus poros lentos.
Susana Duarte
pensa-me na noite que, fria, me deixa orvalhada
das memórias do teu corpo sobre a pele.
... sonha-me nas águas cálidas do meu ventre
e deixa-me ficar.
sobrevoa-me na escarpada por onde sigo
as memórias da tua boca
e, no fim, ama-me.
esquece as horas.
do relógio, retém, se puderes, apenas...os minutos gastos
na tessitura dos meus sonhos, onde a única impossibilidade
é tornar-me água, e descer sobre os teus poros lentos.
Susana Duarte
sexta-feira, 16 de março de 2012
GELO
havia um coração de gelo, onde o gelo
se tornava eco. encontrei-o numa rua,
onde o gelo era oco. onde as ruas eram
nuas, e o gelo, eram ruas abertas
onde o coração sangra, e a mulher ri,
e as neves caem. na neve, eu vi a ave
derretida onde se me desfez o peito,
e a rara solenidade dos momentos sós,
onde planam cegonhas e fogem ecos
de um coração fugidio. sou eu. sou eu.
sou o eco daquela neve, daquela rua,
do coração que me vê nua
e das neves derretidas na sombra da vida.
Susana Duarte
havia um coração de gelo, onde o gelo
se tornava eco. encontrei-o numa rua,
onde o gelo era oco. onde as ruas eram
nuas, e o gelo, eram ruas abertas
onde o coração sangra, e a mulher ri,
e as neves caem. na neve, eu vi a ave
derretida onde se me desfez o peito,
e a rara solenidade dos momentos sós,
onde planam cegonhas e fogem ecos
de um coração fugidio. sou eu. sou eu.
sou o eco daquela neve, daquela rua,
do coração que me vê nua
e das neves derretidas na sombra da vida.
Susana Duarte
terça-feira, 13 de março de 2012
nos botões espalhados pelo quarto,
encontro os restos da tua presença,
pressentida, imaginada, vivida e ansiada,
vívida como os teus olhos, e nítida
apesar da noite. nos botões espalhados
pelo quarto, encontro as pérolas
que, longinquamente, procurei, outrora,
no mar alto. não sabia que não era preciso ir
tão longe, além do mar. encontrei-te na música,
e na minha vontade de amar. encontrei-te
... nas noites cerradas, sem luz, sem luar.
... nos botões espalhados pelo quarto,
soube onde residia, enfim, o teu olhar.
Susana Duarte
encontro os restos da tua presença,
pressentida, imaginada, vivida e ansiada,
vívida como os teus olhos, e nítida
apesar da noite. nos botões espalhados
pelo quarto, encontro as pérolas
que, longinquamente, procurei, outrora,
no mar alto. não sabia que não era preciso ir
tão longe, além do mar. encontrei-te na música,
e na minha vontade de amar. encontrei-te
... nas noites cerradas, sem luz, sem luar.
... nos botões espalhados pelo quarto,
soube onde residia, enfim, o teu olhar.
Susana Duarte
domingo, 11 de março de 2012
luas sós navegam em mares ocultos de si próprios,
escondidos que estão nas sombras profundas das algas
e dos seres iluminadores que habitam mundos estranhos.
as luas sós ocultam-se atrás de névoas e sombrias
areias que cobrem o manto do fundo dos oceanos
e, estranhadas as sombras, sembram soluços entranhados
no peito das pérolas e no verde do coração das águas.
Susana Duarte
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