Braços
emudeceram as asas dos corvos,
num uníssono de esplendorosa luminescência
negra
onde as asas abandonam as curvas
e a contemplação da rubra incandescência
do fogo da saliva
e das fugas tocadas pelas nossas mãos,
e realizam os voos dos dedos, e das línguas
e dos corpos enlaçados numa vida-morte
pequena,
incandescente ela própria,
de corpos nús, e de dias, e de noites
e de sementes lançadas pelas bocas
ávidas,
subsequentes à saudade, fria noite da ausência
de um abraço onde, de novo, (me) habitas
os cílios e o ventre e a humidade das mãos,
investidas por águas de outrora,
incendiadas pelas raízes das árvores que nos foram caminhos
eternos.
Susana Duarte (poema)
Ivano Cetta (foto)
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