domingo, 19 de janeiro de 2014

o oceano vazou os segredos que os braços dele não ousaram revelar.

ela, a mulher, residia onde o ventre
 floria
flores secretas
renascendo
a vida, na vida secreta das flores.


a mulher sorria, flor dos equinócios 
todos do tempo. 
no sorriso da mulher, os desencontros
e os abraços sonhados.
ela fora, outrora,
a flor das flores da vida de um abraço, 
território sagrado 
dos braços dele.

sob a luz raiada de nada,
de uma qualquer manhã de então,
ela ficara só,
dançando a dança 
das lágrimas
por sobre os poros dilatados do poema.

e o poema, nascido das flores
outrora secretas,
floriu dias,
pariu noites desiguais
e fez-se rio onde os corpos se encontraram 
antes.

agora, o nada habita
as vestes da mulher.
ela renasce dias raiados de palavras,
onde o oceano vazou os segredos
que os braços dele
não ousaram revelar.


Susana Duarte



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