sábado, 25 de janeiro de 2014

talvez as tuas mãos se tenham perdido, entre o nevoeiro e o silêncio das águas.

talvez o nevoeiro tenha espaços sombrios
onde cabem as mãos.

talvez por isso, as 
dúvidas te habitem os olhos.

talvez as tuas mãos se tenham perdido, 
entre o nevoeiro e o silêncio
das águas. 

as águas agitam as mãos
escondidas nas névoas
de Setembro,
e escondem as dúvidas
nas teclas negras do piano.

és o toque abrupto da partida,
e a seda suave sobre o leito.
nas tuas dúvidas, os sonhos;
nas minhas mãos, o peito nú
e a trémula rosa desfolhada.

talvez as mãos caibam onde
cabem os dias. e as noites.
talvez sejas mais do que me lembro,
e menos do que pressinto. 
talvez o nevoeiro te esconda o rosto,
e a memória se nutra de absinto.

talvez tu, sobre os dias.
talvez os dias, sobre as névoas.
talvez o silêncio, sobre tudo o resto, 
e a infinitude das memórias com que me vestiste. 

Susana Duarte


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