quarta-feira, 1 de abril de 2015



vou sentar-me sobre as costas dos teus olhos, 


e ver-me através deles, sedentos das névoas 


das minhas madrugadas.






vou sentar-me sobre




os teus braços e, através deles, 


rever encostas 


onde os seios te abraçaram, 


e foram eternas 


as inermes mãos sobre o dorso. 





vou sentar-me


sobre as dobras da tua voz, 


onde o silêncio


me chama e a língua me conquista. 


sobre ela,


desfazer as névoas que, junto ao rio, 


pairaram, no instante do atrevimento.






a língua de fogo


dos teus dedos, sobre a língua de fogo da água


que sobre ti se deita, exclamando 


todas as noites


de todas as idades, 


desfiguradas pelo silêncio 


que, sob a chuva, se abateu, pronto 


que estava o sorriso dos lábios, 


pronta a boca


para, sobre ti,





pairar e, ali,


depositar o dia.






Susana Duarte

2 comentários: