domingo, 24 de maio de 2015

o tempo traz as flores acomodadas no peito.



o tempo traz as flores acomodadas no peito.
desfolha-as, 
no impulso firme de ser vento

desacomoda-as de si, 
e do caule, 
e da voz das águias,
no movimento forte 
de ser vento


e volta a deixá-las ser flores,
apenas por um segundo,
quando os olhos se movem
ao encontro 
das mãos

e o tempo volta 
a ser tempo

e o tempo acomoda 
o peito

e as flores

e o vento

e os caules
de ser ave

levada nas ondas sonoras 
do dia em que as mãos partiram

as mãos deixaram as flores desfolhadas no peito
do imenso desalento

da ausência,

até que o Tempo volte a ser
tempo de me desfolhares 
o peito

e de escreveres as pétalas das flores

em mim.

Susana Duarte


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