sábado, 26 de agosto de 2017



a metamorfose dos olhos
reside na curva inesperada dos cílios

onde ficam as névoas e a claridade do olhar,
quando os olhos, mudos, se elevam pelos caminhos
silenciosos das mágoas antigas?


onde ficam as luzes e as quimeras,
quando as mãos [em fuga] navegam
as ausências dos olhares?

a metamorfose das mãos 
reside na curva inesperada dos seios,
nos lugares de ontem e na desocultação
do grito

as mulheres são olhares pousados
onde vivem os mistérios, senhoras que são das neblinas
e dos sortilégios

a metamorfose das mulheres é a demanda
feiticeira das paixões, e o grito sonoro
arrancado do peito

Susana Duarte (poema)
Fotografia: Francesca Woodman


Sem comentários:

Enviar um comentário

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...