domingo, 27 de agosto de 2017

o poema desocupou o corpo onde,
outrora, inscreveu vida

foi assim que o poema morreu e,
com ele, caíram as folhas 
e as árvores e as primaveras 

o poema, nado-vivo,e as palavras 
que o percorriam, segregavam seiva
mas morriam. morriam na morte dos corpos
amantes, e nas ruas por percorrer

morriam nas veias do corpo desocupado,
e no amarelecer dos dias. morriam,

e todavia falavam de lugares e de corpos vivos,
aqueles onde as névoas dissipadas 
permitem ver as veias e os dias idos,

e, talvez, ainda, segregar o sangue
que trará as palavras que, de novo, ocuparão 
os dias sombrios dos corpos

Susana Duarte





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