o poema desocupou o corpo onde,
outrora, inscreveu vida
foi assim que o poema morreu e,
com ele, caíram as folhas
e as árvores e as primaveras
o poema, nado-vivo,e as palavras
que o percorriam, segregavam seiva
mas morriam. morriam na morte dos corpos
amantes, e nas ruas por percorrer
morriam nas veias do corpo desocupado,
e no amarelecer dos dias. morriam,
e todavia falavam de lugares e de corpos vivos,
aqueles onde as névoas dissipadas
permitem ver as veias e os dias idos,
e, talvez, ainda, segregar o sangue
que trará as palavras que, de novo, ocuparão
os dias sombrios dos corpos
Susana Duarte
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