cabem todos os silêncios,
no vôo das aves
ininterrupto, o vôo das aves
cobre os silêncios
das vertentes úmbrias,
e as vozes das rochas,
e o bater dos corações
das pessoas tristes
cabem todos os silêncios,
no vôo ininterrupto das aves,
e cabem nele as vozes
que emprestei aos ventos
vou com as aves,
e entrego-me ao ar, vozeado
como as nuvens sobressaltadas,
inseguro como os amantes, voraz
como o tempo
e silencioso, como o vôo
das quatro aves
que me sobressalta o olhar
e me esconde as névoas
Susana Duarte
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