domingo, 29 de outubro de 2017


cabem todos os silêncios,
no vôo das aves

ininterrupto, o vôo das aves
cobre os silêncios
das vertentes úmbrias,
e as vozes das rochas,
e o bater dos corações
das pessoas tristes

cabem todos os silêncios,
no vôo ininterrupto das aves,
e cabem nele as vozes
que emprestei aos ventos

vou com as aves,
e entrego-me ao ar, vozeado
como as nuvens sobressaltadas,
inseguro como os amantes, voraz
como o tempo

e silencioso, como o vôo 
das quatro aves
que me sobressalta o olhar
e me esconde as névoas

Susana Duarte

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