sábado, 4 de novembro de 2017

[Para ti, amigo de todas as palavras.
 E de todos os silêncios.]

o silêncio ocupa
as vagas, as marés, as ondas
sobranceiras às vertentes erodidas,
assim remetendo ao infinito
os sons deixados livres
pela mente

o silêncio ocupa
as mágoas, esvaziando os olhos
das imagens anteriores ao tempo
outrora ocupado pelas mãos
e pelos sonoros ecos
da nossa existência

o silêncio desocupa os corpos
quando os corpos se preenchem do outro,
eliminando as sombras das vertentes
úmbrias, onde alguém depositou
as memórias

Susana Duarte

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