- escreverei à meia noite do poema,onde se desfazem as pedras das calçadase os teus passos.escolheste seguir as pedras de ontem,e os caminhos levantaram o pódos teus passos.escreverei à meia noite do poema,onde o vento desfez a noite, ela própriauma ave assustada ante a imensidãodo desejo.morrem os corpos na espera,enquanto a meia noite do poema se declinana cor das cerejas.é na confluência dos dedosque se desocultam as noites dos corpos,entidades desejantes, meia noite das vidasnuas, encontro sobre o leito,ventos-sul do peito,quando a meia noite do poemase escreve nas peles.Susana Duarte
nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
quinta-feira, 22 de novembro de 2018
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