quinta-feira, 22 de novembro de 2018



  • escreverei à meia noite do poema, 
    onde se desfazem as pedras das calçadas
    e os teus passos.

    escolheste seguir as pedras de ontem,
    e os caminhos levantaram o pó 
    dos teus passos.

    escreverei à meia noite do poema,
    onde o vento desfez a noite, ela própria
    uma ave assustada ante a imensidão
    do desejo.

    morrem os corpos na espera,
    enquanto a meia noite do poema se declina
    na cor das cerejas.

    é na confluência dos dedos
    que se desocultam as noites dos corpos,
    entidades desejantes, meia noite das vidas
    nuas, encontro sobre o leito,
    ventos-sul do peito,
    quando a meia noite do poema
    se escreve nas peles.

    Susana Duarte

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