quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

cabem todas as vozes
no peito ávido dos olhares
trilhados pelos caminhos longínquos
                                        e pelas ondas.

cabem todas as mágoas
nos olhares das aves, e todas as aves
nos olhares                      das mulheres.

no desassossego do voo,
existes tu, folha caída de uma árvore
sem raízes. existes onde as águas
desassossegam o mar líquido
do ventre, e as folhas
perenes agitam
                                              as sombras.

não existe nada, para além das aves,
e das ondas, e das sombras...
talvez existam                   as memórias,

as folhas caídas e
o que fomos ontem:.         um homem,

e uma mulher -         atraídos pelo vôo
das palavras que, por serem ditas,
soavam a                             eternidade.

Susana Duarte

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