terça-feira, 17 de abril de 2012

SÚPLICA


ouve-me nos movimentos das pálpebras,
onde é sonora a ausência em que habito;
onde se espraiam vozes sumidas; onde
vivem giestas, e piam aves estranhas...


olha-me nos recantos da paixão antiga,
e desnuda-me os ombros de aurora. sê
inteiro, marinheiro das minhas águas e
cálida emoção que se derrete no calor
... das minhas lágrimas antigas. sê a luz
onde tudo, dantes, era ilusão de néon.

ama-me. e devora-me os olhos e a boca
e os braços com que te cerco e sinto.

sente, de mim, a lágrima de luz coberta
de seda, onde te deitas e recobres de ser
marinheiro da minha sede. ama. em mim,
encerra as noites de aves estranhas, sê
luz ansiada-procurada-antes interdita. e


ama-me.

Susana Duarte
 

Sem comentários:

Enviar um comentário

 o amarelecimento das folhas é proporcional         ao envelhecimento dos insuspeitos olhos          de outrora, luzidios              como ...