domingo, 6 de janeiro de 2013

sauda-me a tristeza, a partir das janelas de onde, antes, brilharam estrelas de vida, ante a visão de ti e das tuas carícias. sauda-me, e eu deixo. sauda-me a saudade, e eu deixo. sauda-me a vida que tive dentro, quando contigo sonhava. e eu deixo. saudas-me tu, no abraço demorado que me deste e, todavia, me prometes. e eu deixo. sauda-me a tristeza, mas não te deixo partir. sauda-me a vida antes ...de mim própria. e eu deixo. sauda-me o brilho dos teus olhos. e eu deixo. neles vivo. neles morro. e eu deixo que a vida me preencha de vida. e eu deixo que a vida me preencha de morte. e eu deixo. mas deixo sobretudo que o sonho não morra. deixo que me vivas. deixo que me habites cada movimento das pálpebras. deixo que me sonhes. deixo que tenhas saudades de mim. mesmo quando a tristeza me habita. mesmo quando a saudade me desespera. habitas-me. não sei ser sem ti.

susana duarte

1 comentário:

  1. Olá. Quando o amor é soberano não há como opô-lo, simplesmente deixamos. Parabéns pelo belo poema.

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