sábado, 2 de fevereiro de 2013





poderiam ser palavras minhas,
as que semeio nos bancos do tempo.
consumimos dias como consumimos noites,

e os dias foram tão breves,

e as noites, tão leves,

despidas de sono, despidos nós.

poderiam ser palavras minhas,
as que deposito na gloriosa sabedoria da lua,
milenar, pedra angular de todos os rios, navegada
por nós sobre os ângulos frios do antigo desconhecimento.

poderiam ser tuas as frases saídas das pálpebras,
onde o azul renasce, framboesa da minha boca,
com a qual colho sons e sonhos e água e sementes

com as quais me dirijo ao vento
e floresço amora-beijo-cais das colunas do desejo
e flor noturna onde te deitas e sabes. poderiam

ser flores, as palavras e o peito, crescente lunar
de uma nuvem que alcanço em ti.

susana duarte



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