quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

costumava vestir-te do lado avesso da pele.

costumava vestir-te do lado avesso da pele.
trazer-te comigo, era trazer-te em mim,
costurado por dentro, alinhavado
nas margens do corpo.
vestia-te,

e sabia-me parte da tua própria pele.
tinhas a forma obcordata das folhas
raras, e as vestes verdes
da primavera.
olhava-te,

e sabia que me vestias de ti. era do lado
avesso da pele, onde te sabia
carne, fruto, e eternidade.
vestia-te,

e o mundo residia nesse limbo de pele.


susana duarte

1 comentário:

  1. ... num "limbo" em que o poema se veste de ti, vejo-te... "imensa"!
    Abraço e Bom Ano!

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