nada te resta, senão olhar-me de longe. sabes que habito outro plano, o do dia e da luz com que prossigo, todavia, sobre as flores submarinas. nada te resta, senão as lágrimas e o arrependimento. talvez possas ressurgir, noutras vestes, noutros seixos. mas serás sempre a sombra, a vida incompleta que se declina nos lugares que já não procuro.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
morre-se. mas serão dela os dias inteiros.
morre-se azul sob os escolhos de sal das (des)contruções
de areia. é no lugar das sementes, e dos sóis
verdes dos cabelos, que se morre azul.
com o sal das neblinas dos olhos, morre-se sombrio
ante as ondas submarinas do ventre, e escolhe-se
a vereda estranha dos dias salinos das lágrimas.
é no lugar delas que se morre, palavras
escorridas por entre as águas do peito.
são escuras, as palavras.
são claras, as palavras.
morre-se dentro delas, mar imprevisto de ondas alteradas.
morre-se. navega-se no sal dos cabelos, onde
o futuro é o olhar percorrido pelos dias
de antes.
morre-se. as ausências desmesuradas do sal
dos beijos são a morte silabada
dos dias.
os dias silabados serão sempre teus,
pequenos e intermitentes,
como a morte dos dedos.
mas serão dela, da mulher, os dias escritos com o sal-flor
das mãos inteiras.
susana duarte
foto de ivano4u
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"a vereda estranha dos dias salinos das lágrimas" (muito bom este verso)
ResponderEliminarserá sempre dualidade monocromática
ora escura, tom-amargura,
ora clara, adiada-esperança
A dor é sempre íntima
os versos (proscritos) não
Bjo
´Proscrito, igualmente, o coração dos que amam sem que lhes seja dado viver o amor.
ResponderEliminarObrigada pela tua presença, Filipe.
Um beijo.