sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O Amor (I)

o amor.
o amor é a confluência dos remos,

ou das mãos.


o amor
é, talvez, a estrada
por onde caminham as aves,

e os bicos,
segurando flores novas

e as madrugadas
deixadas sobre os leitos,

de onde voam lágrimas,
para, neles, se deitar

o sol.

o amor.
o amor é a luz depois da noite,

mas é também a noite
dos amantes.
e os seus olhos.

é, talvez, a delonga das cerejas
e a maturação das dores,

e a impossibilidade
das manhãs
lentas
do desespero.

o amor.
é, talvez, a rubra declaração
que o sol faz às ondas
quando, sobre as algas,
penetra as trevas
e ilumina
o oceano.

o amor.

(Susana Duarte)


1 comentário:

 o amarelecimento das folhas é proporcional         ao envelhecimento dos insuspeitos olhos          de outrora, luzidios              como ...