domingo, 22 de fevereiro de 2015

a última sílaba, do último poema

não serás mais do que a última sílaba,
do último poema 
que em mim escreveste,

língua de fogo sobre a  pele,
língua com que descobriste o oculto
que, sob a pele, se movimenta,

sangue líquido do desejo,

ave líquida 

transformada em mão lenta
sobre o corpo,
onde a última sílaba do poema
é a manhã reencontrada,

a vida solta que extingue as lágrimas:

poema reescrito
na pele.

Susana Duarte



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