não serás mais do que a última sílaba,
do último poema
que em mim escreveste,
língua de fogo sobre a pele,
língua com que descobriste o oculto
que, sob a pele, se movimenta,
sangue líquido do desejo,
ave líquida
transformada em mão lenta
sobre o corpo,
onde a última sílaba do poema
é a manhã reencontrada,
a vida solta que extingue as lágrimas:
poema reescrito
na pele.
Susana Duarte
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