sábado, 14 de fevereiro de 2015

Identidade


Preciso ser um outro

para ser eu mesmo


Sou grão de rocha

Sou o vento que a desgasta



Sou pólen sem insecto


Sou areia sustentando

o sexo das árvores



Existo onde me desconheço

aguardando pelo meu passado

ansiando a esperança do futuro


No mundo que combato morro

no mundo por que luto nasço




Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"



Sem comentários:

Enviar um comentário

 e agora, dormes. velo o teu sono (habito-o?)  onde a morte te apartou de mim e o vento tudo derruba dentro do meu peito triste. só as aves ...