quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

não me sorrias

não me sorrias a partir de onde as gárgulas 
denunciam medos,
nem de onde os olhares são furtivos
segredos
de quem, entre si e o outro,
esconde as mãos,

frenesim oculto

dos olhos pousados além da vontade
e do desejo.

não me sorrias, se é a partir delas
que me olhas, prisioneiro
dos rituais, com receio dos dedos
todavia entrelaçados

de solidão
e de folhas caídas.

não me sorrias, se no sorriso escondes
as veias,
esqueces as vidas,
prolongas ameias e te escudas no norte,

prisioneiro da morte
das mãos vividas, entrelaçadas
de sol, onde reside a loucura amena

da paixão.

Susana Duarte 




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