segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

dias escritos com o sal-flor das mãos inteiras



morre-se azul sob os escolhos de sal


das (des)contruções


de areia. é no lugar das sementes,


e dos sóis verdes dos cabelos, que se morre azul.






com o sal das neblinas dos olhos,


morre-se sombrio


ante as ondas submarinas do ventre,


e escolhe-se a vereda estranha


dos dias salinos das lágrimas.



é no lugar delas que se morre, palavras


escorridas por entre as águas do peito.



são escuras, as palavras.
são claras, as palavras.






morre-se dentro delas, mar imprevisto


de ondas alteradas.

morre-se. navega-se no sal dos cabelos,


onde o futuro é o olhar percorrido


pelos dias

de antes.


morre-se. as ausências desmesuradas


do sal

dos beijos,


são a morte silabada

dos dias.


os dias silabados serão sempre teus,


pequenos e intermitentes,


como a morte dos dedos.






mas serão dela,


da mulher,


os dias escritos com o sal-flor


das mãos inteiras.






susana duarte

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