invocar o nome ausente
é libertar as asas para um vôo
ao centro das memórias,
onde se arrastam espectros
e pronunciam palavras mortas.
libertar as aves no centro da terra,
quando se invoca o nome ausente,
convoca as dores antigas
das mulheres ensimesmadas.
são as mulheres que movem
as asas da humana condição.
habitam-nas as estórias
do amor e do fel, e os cabelos
perdidos, e os dedos suspensos,
e os corpos dilatados
de todas as paixões.
é delas, o mundo.
[é delas, o mundo
a que não pertencem,
nunca, os amores
possíveis],
porque as mulheres são
impossibilidade,
presente e futuro,
e as memórias todas
de todas as aves. e todos
os nomes ausentes
sobre a pele salgada
de ontem.
Susana Duarte
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