Maçãs rubras
(ouvindo Françoise Hardy, “On se quitte toujours”)
as rubras maçãs do sorriso e as névoas indistintas da
memória fundem noites
no sangue
púrpura do
corpo. as rubras noites do desejo são riso
e são sombra e
são glória das costas que se
erguem sob o peito obscuro do rio. noites
brancas do sangue. corpo exangue sobre o leito azul. as rubras maçãs do sorriso
eram manhãs elevadas à eternidade dos corpos dos amantes. os sonhadores
serão sempre a caixa vazia da realidade, frugal, desnecessária, risível, do leito
vazio.
escrevi-te nos recantos purpúreos, carnosos, do corpo e da
memória,
onde extingues a vida com a ausência das
mãos.
sobra, sobre nós,
o rio.
Susana Duarte
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