segunda-feira, 10 de outubro de 2022

 aconchego o silêncio onde renovo

as palavras adormecidas. encontro-o

nas ausências, e sou sombra das intenções.


aconchego o teu silêncio onde permaneces

quimera, estátua de sal ou ave derramada.

onde a morte desassossega os vivos,

sou quem não quis ser, e de ti, não sei.


encontro o silêncio cartografado na pele,

onde nada escreves,e onde vivem

as linhas vorazes de um vôo anterior à vida.


escrevo vozes. no lugar da vida,

eis a ausência das palavras.


Susana Duarte

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