irrequieta perante o desconforto das lágrimas
(talvez quieta quando me abraças, inquieta
quando me percorres com os dedos
e me abres caminhos na pele)
sorvo o ar que respiras e páro de nadar
sob o teu peito, suspensa como o ar rarefeito
do que desconheço, e protejo, e calo,
e transbordo, anoiteço e durmo
sem ar e sem sombras e sem luz e sem ti
mas contigo e com luz e com ar e com dia
e com noite e com passos
e com a caminhada que desconheces
e intuis, e renegas, e entregas ao futuro
das promessas que fizeste - a ti, a mim,
aos dias e ao que desejas e não sabes.
irrequieta perante o desconforto, quieta
diante das certezas, talvez inquieta
na amálgama das mãos e dos pés
e dos braços e das peles e dos corpos
quando transbordas de dia e de mim:
pele suave de ave perdida, no vôo incerto
da vida que tens dentro ,
no afogamento lento das incertezas
e nas vozes situadas num recanto dos braços .
Susana Duarte
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