sábado, 16 de novembro de 2024

 suspensa nas tuas palavras,

pétala descaída de uma flor iníqua,

resta-me a memória.


és, foste, terias sido, 

o parto feroz,

a corrente avassaladora de uma maré.


suspensa nas memórias das tuas mãos,

sombra flutuante 

de uma margem qualquer,


permaneço. 


permaneci angustiada na espera

de uma qualquer vontade,

tão inglória quanto insignificante


e tão frágil quanto uma gota de orvalho.


as mulheres suspensas nas memórias

são as mesmas que se espelham 

em olhos alheios, 

tão estranhos quanto o miado 

dos gatos, e tão solitárias quanto eles.


Susana Duarte

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