metade de mim é silêncio.
onde o silêncio habita as margens
das veias, habita igualmente o mar
tempestuoso
dos meus pensamentos.
metade de mim é silêncio,
e mais não sei. sei apenas
da inexistência
dos nomes que não visito,
dos rostos de que apenas
guardo memória,
da solidão que me mora no sangue,
e da metade de mim que é silêncio.
outra metade, são as quimeras,
as viagens que demoram,
e a demora da tua pele.
metade
de mim seriam as águas perdidas
e os voos picados
por sobre as ondas.
metade de mim é silêncio;
metade de mim é o que não sei.
Susana Duarte
2020
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