sábado, 15 de setembro de 2012

NUDEZ

estou nua,
e o espelho, à minha frente.

oiço a passagem de uma borboleta azul
que se poisa no ombro onde, outrora,
habitou a suave flor de um beijo, e o sabor
das romãs, desocultadas da noite,
vencidas pelas manhãs cansadas
...
do amor e da seda
dos teus braços.

na nudez,
celebro as asas da noite.

a noite em que, nua, me desfiei sob o olhar
que me navegou e,
sonhada,
desviei os medos
e todos os anseios anteriores.

escondi-os num rio oculto,
onde fingia viver,

e nas tuas mãos,

através das tuas mãos,

descobri-me perseida
na nudez
dos teus braços.

susana duarte

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