terça-feira, 29 de abril de 2014

"To be nobody"

“To be nobody but 
yourself in a world 
which is doing its best day and night to make you like 
everybody else means to fight the hardest battle 
which any human being can fight and never stop fighting.” 

― E.E. Cummings

segunda-feira, 28 de abril de 2014

domingo, 27 de abril de 2014

os meus braços curvos foram ao encontro da madrugada do teu nome

os meus braços curvos foram ao encontro da madrugada do teu nome

içaram manhãs, por entre pedaços de madrepérola, encontrando praias
onde as conchas se perderam. levantaram voo, os meu braços, ao encontro
das mãos que me ofereces. encontrá-las-ão, os meus braços. 

preciso que não desistas. não ergas nevoeiros onde os braços te fogem,
nem plantes árvores gigantes para te cercares onde os voos todos 
do meu corpo te não encontrem. saberei sempre onde estás, se perto 
de mim, todavia, ficares. os meus braços curvos são aves sonâmbulas,
porventura estranhas, porventuras raras, na procura da imensidão 
da paixão. içaram algas, os meus braços curvos, salientes nos ossos
de todos os ramos, secos, de árvores gigantes. encontra-os, não desistas.

fica comigo. saberei erguer os braços sobre ti, envolvendo-te o peito
com todas as suaves carícias dos meus dedos. preciso que fiques.
procura-me. estarei onde encontrares os meus braços.


Susana Duarte

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Capitães de Abril. Maria de Medeiros, 2000



Eis Abril. Hoje, como então, o Povo falou nas ruas. O Parlamento falou para si próprio.

Com as mãos. Porque é Abril.


Com mãos se faz a paz se faz a guerra.

Com mãos tudo se faz e se desfaz.

Com mãos se faz o poema - e são de terra.

Com mãos se faz a guerra - e são a paz.




Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.

Não são de pedras estas casas, mas

de mãos. E estão no fruto e na palavra

as mãos que são o canto e são as armas.




E cravam-se no tempo como farpas

as mãos que vês nas coisas transformadas.

Folhas que vão no vento: verdes harpas.




De mãos é cada flor, cada cidade.

Ninguém pode vencer estas espadas:

nas tuas mãos começa a liberdade. 

(manuel alegre)





sexta-feira, 18 de abril de 2014

quando me despires, despe-te também

quando me despires, despe-te também. despe
as roupas de outrora, e as vestes com que te escondes.
despe-me as auroras despojadas de luz e, de ti,
os contrabaixos da solidão. quando me despires,
despe-te também. deixa que as rochas flutuem 
onde antes eram impossibilidades. persegue, no ar,
o odor das aves soltas e o curso livre do rio. nas vertentes
úmbrias do sonho, procura a fonte da luz e caminha 
até  à foz. sobrevoa as marés e despe-me dos temporais.

quando me despires, despe-te também. despe 
as ruas onde o Fado foi outrora solitário e ama-me.
ama os despojos do luar e enfrenta a manhã. quando
te despires, despe-me de mim, e  de ti próprio.
encontra-me onde todas as esperanças renascem,
e todos os beijos antecipam sorrisos. encontra-me
onde o ontem é a reminiscência dos sonhos azuis,
para que eu te possa ver, nesta manhã branca
por onde, agora, quero seguir caminho. despe-te,
e tira de mim as heras que me prenderam nas paredes
de outras manhãs. se me encontrares, terás sobrevoado
os tempos. as vidas. as manhãs todas, para me beijar.

Susana Duarte




(...)


segunda-feira, 14 de abril de 2014

serena as rochas com a voz profunda do teu sono

dorme.
serena as rochas com a voz profunda
do teu sono. na profundidade imensa
dos espaços entre a vida e o sonho, 
vive. 

dorme.
serena o mar com a procura. maior
imensidão não há, do que a sensação
de estar perdido. dorme. resgata
os sonhos às pedras profundas
onde se perderam os teus ocultos
mares. vive.

dorme.
na exata dimensão das nuvens, voa.
no voo, procura-me. as asas do sono
são o único rio que te traz a mim.
vive. dorme.

acorda. procura a vida, onde a luz 
se perdeu
de ti.


Susana Duarte

De Fernando Oliveira



Amour sans âge




T’as oublié mon jubilé

Je ne t’ai pas tenu rigueur

Je t’ai simplement demandé

N’oublie pas mon amour

L’année prochaine

Je serais une année plus sage

Et j’en serais certaine

Tu m’offriras une fleur douce
Et une autre sauvage
Dans un écrin de mousse
Empli de pétales parfumés
Ou j‘enterrerais mon âge
Qu’à jamais il ne repousse
Je veux toujours rester sage
Je te redonnerais la douce
Plus d’oublis et de jubilés
Plus d’années! Plus d’âge!

Fernando Oliveira

sábado, 12 de abril de 2014

INDELÉVEL

Indelével
desenhaste o meu nome
no teu corpo
bastou o suor do desejo
o sal de um beijo
para ele de ti
se apagar
o teu
pintei-o a tinta
e permaneceu
indelével
tatuado a fogo
no meu coração.

Fátima Guimarães
( nova versão 11-04-2014)


Foto: Susana Duarte

as mãos desfazem-se onde os olhares não chegam

as mãos desfazem-se onde os olhares não chegam.
é onde os corpos se arqueiam, inundados por outros 
corpos, navegantes estrangeiros dos mares profundos,
que os sonhos, como as mãos, despedaçam  madeiras
das distâncias. as mãos desfazem-se onde os olhares
são fortuitas navegações entre um e outro olhar, entre
um e outro corpo, entre uma e outra suave aspiração 
a ser. onde os olhares não chegam, não chegarão vozes, 
e não chegará, certamente, o toque sedoso da pele.
as mãos desfazem-se onde se anuncia a madrugada só.
só onde as mãos se encontram, se anunciam 
noites boreais.

Susana Duarte


sexta-feira, 11 de abril de 2014

despojado de luz, o olhar das sereias 
tornou-se abraço nunca dado, mar
salgado onde os sonhos não flutuam, 
ser etéreo de horizontes estranhos.
despojado de luz, o olhar das mulheres,
onde as mãos se liquefazem: ausência.

Susana Duarte

segunda-feira, 7 de abril de 2014

[Sol Português]





Coimbra.
Foto de Mais Portugal.



Porto.
Foto de Poco a Poco


Lisboa.
Foto de Alexander de Leon Battista

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Coimbra

Coimbra Cidade, Coimbra Paixão, Coimbra-Coimbra.





Foto: Fado ao Centro
Vista a partir do Loggia-Museu Machado de Castro

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...