sábado, 30 de agosto de 2014

Pontes.

http://fugas.publico.pt/Noticias/338492_tres-pontes-portuguesas-entre-as-mais-belas-da-europa


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

as pessoas são estranhas, entranhas de coisa nenhuma



as pessoas são estranhas, entranhas de coisa nenhuma, cheias de vento

onde as mãos se acobardam. as pessoas são assim: uvas apodrecidas

pelas chuvas de verão, inconstantes e incoerentes como as nuvens e os gestos

que dizem ser, mas de que nunca são capazes. as pessoas são assim, estranhos

movimentos em redor das luzes, das quais fogem quando alguém as acende

e, por dentro, as incendeia de um fulgor que temem. são apenas pessoas,

e as pessoas nada são, senão as sementes do que, um dia, na infância, sonharam 

ser. e não são. são apenas pessoas, híbridos de luz e escuridão, de palavras 

sem corpo, e de corpos de nada. de nenhures. de coisa nenhuma. porque são

finitas, ao contrário das pedras, elas próprias erodidas pelo vento. as pessoas, não,

são apenas isso: pessoas, finitas e frágeis e receosas das intempéries que residem

nos olhos dos outros. protegem-se atrás das palavras, e nada são, senão 

o que sonharam ser, num tempo longínquo de amoras bravias colhidas pelas mãos

pequenas, de cerejas tiradas do alto, mais maduras e grandes, sem medo de cair,

e de dedos-de-bruxa colados aos dedos, encantadores e roxos na sua simplicidade.

as pessoas são estranhas, entranhas de coisa nenhuma, cheias de vento

onde os gestos se acobardam. são assim: coisa nenhuma. são medo e fuga.

as pessoas são apenas isso, e por isso, nada são.



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

todos estamos sós

Todos os dias, procuramos um rosto no meio da multidão. Não o encontramos e, todavia, continuamos na demanda que nos impele, e nos faz nascer todas as palavras no peito. Estamos sós e, ainda assim, sonhamos que as mãos que tacteamos nos sonhos se abrem em ternos gestos de carinho. 
Estamos sós, mas falamos com as palavras como se nos devolvessem vias e certezas. Serão claras todas as luas da nossa existência? Serão vivas as marés que nos confrontam com a vivacidade do mar? Serão sós as aves que, a nosso lado, anunciam o fim de tarde e a procura de alimento? 
Talvez a solidão esteja viva apenas em cada um dos corações sonhadores que recusam a vulgaridade dos dias comuns. 
Ou teremos que nos render à imensa evidência de que todos estamos sós até que o abraço anunciado nos roube uns instantes de contentamento.



quarta-feira, 27 de agosto de 2014

"I've grown certain that the root of all fear is that we've been forced to deny who we are" 


Frances Moore Lappe


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

inseguras, trémulas, as palavras.

deixou fugir as palavras
por entre as folhas do peito.

inseguras, trémulas, as palavras.

deixou fugir as névoas
onde as palavras
se esconderam.

inseguras, trémulas, as palavras
desfolharam caminhos e
esconderam
as mãos,

trémulas
e inseguras, as mãos
-mais ainda do que as palavras-,
sublinhadas pela ausência do voo.

onde se escondem os olhos,
moram as palavras
das aves,
rémiges
da vontade, alheias
ao temor e à inquietude.

inseguras, trémulas, as palavras.

e a paixão.

Susana Duarte





domingo, 17 de agosto de 2014

Indeed

"Science may have found a cure for most evils; but it has found no remedy for the worst of them all - the apathy of human beings."

Helen Keller

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

[...]

vislumbro, na serena descida do sol,
as sementes elípticas dos cabelos
semeados por entre
os dedos.


Susana Duarte


Alessio Albi

http://p3.publico.pt/cultura/exposicoes/13161/alessio-albi-e-paixao-pelo-retrato

terça-feira, 12 de agosto de 2014



eis os caminhos, 
raiados de luz
e névoa.

eis a noite, 
saída das ruas
e da memória.

eis o silêncio,
inesperado
aflito,
dos passos.

eis a mulher,
serenada na dança
e no sobressalto
da lua.

Susana Duarte


sábado, 9 de agosto de 2014

eis as palavras sussurradas ante a força das areias







eis as palavras sussurradas ante a força das areias,
na ondulação ciciante das ondas baixas e 
na nudez inesperada das rochas,

onde cada um dos teus ontens, se consubstancia
em palavras, presentes em cada um dos 
abraços com que percorres

o poema.

Susana Duarte

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

amami come se fosse facile .

amami.
amami come se fosse facile .
amami come se fosse il cammino 
del giorno, illuminato dalla fresca luce del mattino .


amami.
come se il giorno si trasformasse 
o se il cammino si facesse ad ali sciolte 
e i fiori cantassero litanie di un domani. 

amami,
come se la notte che mi abita 
fosse soltanto la voce di un corvo che fugge nel volo 
e si nasconde dietro le nuvole piangenti di tempesta.

poi la tempesta che mi abita 
è una notte di fuoco e di ali senza colore.
e il viaggio che compio è preghiera e dolore.
ed è di amore che il cuore crepita.

amami.
amami  come se fosse facile.



Poema: Susana Duarte
Originale in lingua Portoghese, pubblicato in questo blog (.ama-me.)
Traduzione, sotto richiesta del mio professore di Letteratura (Gianni Bianchi): Lorena Turri

terça-feira, 5 de agosto de 2014

"Vieste como um Barco Carregado de Vento"




Vieste como um barco carregado de vento, abrindo
feridas de espuma pelas ondas. Chegaste tão depressa
que nem pude aguardar-te ou prevenir-me; e só ficaste
o tempo de iludires a arquitectura fria do estaleiro

onde hoje me sentei a perguntar como foi que partiste,
se partiste,
que dentro de mim se acanham as certezas e
tu vais sempre ardendo, embora como um lume
de cera, lento e brando, que já não derrama calor.

Tenho os olhos azuis de tanto os ter lançado ao mar
o dia inteiro, como os pescadores fazem com as redes;
e não existe no mundo cegueira pior do que a minha:
o fio do horizonte começou ainda agora a oscilar,
exausto de me ver entre as mulheres que se passeiam
no cais como se transportassem no corpo o vaivém
dos barcos. Dizem-me os seus passos

que vale a pena esperar, porque as ondas acabam
sempre por quebrar-se junto das margens. Mas eu sei
que o meu mar está cercado de litorais, que é tarde
para quase tudo. Por isso, vou para casa

e aguardo os sonhos, pontuais como a noite.

Maria do Rosário Pedreira, in 'O Canto do Vento nos Ciprestes'

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

amarei sempre a praia improvável dos dias

amarei sempre a praia improvável dos dias
e a serenidade solar de agosto. cedo chegará
o tempo das uvas e do mosto e dos luares
precipitados nas encostas. é das noites, 
que gostas, e da brisa suave que impele
as nuvens. mas eu amarei o mar e o azul
onde se espelham as asas das aves marinhas.
amarei a litania das ondas onde deito as pedras
e suavizo os ângulos secos do sorriso.
amarei sempre a nudez improvável da alma
e o deserto dos olhos serenados pelo azul, 
deserto pleno de imagens e de leituras anteriores.
amarei sempre as praias de todos os amores,
e a luz praienta onde me deito.
serei sempre agosto e as cigarras,
e os dias todos que vivi. agora, e aqui,
deito na água os dias de ontem
e as mágoas espalhadas no algaço. 
o som das ondas residirá, sempre, no abraço
aquático com que constróis a areia.


Susana Duarte

domingo, 3 de agosto de 2014

Jews and arabs refuse to be enemies

http://www.hypeness.com.br/2014/07/movimento-reune-fotos-com-arabes-e-judeus-que-se-recusam-a-ser-inimigos/

sábado, 2 de agosto de 2014

Nós sabemos =)

http://fugas.publico.pt/Noticias/337628_para-a-cnn-a-lello-nao-e-so-uma-das-livrarias-mais-cool-do-mundo-e-a-mais-bonita

 metade de mim é silêncio. onde o silêncio habita as margens das veias, habita igualmente o mar tempestuoso  dos meus pensamentos. metade de...