quinta-feira, 28 de agosto de 2014

todos estamos sós

Todos os dias, procuramos um rosto no meio da multidão. Não o encontramos e, todavia, continuamos na demanda que nos impele, e nos faz nascer todas as palavras no peito. Estamos sós e, ainda assim, sonhamos que as mãos que tacteamos nos sonhos se abrem em ternos gestos de carinho. 
Estamos sós, mas falamos com as palavras como se nos devolvessem vias e certezas. Serão claras todas as luas da nossa existência? Serão vivas as marés que nos confrontam com a vivacidade do mar? Serão sós as aves que, a nosso lado, anunciam o fim de tarde e a procura de alimento? 
Talvez a solidão esteja viva apenas em cada um dos corações sonhadores que recusam a vulgaridade dos dias comuns. 
Ou teremos que nos render à imensa evidência de que todos estamos sós até que o abraço anunciado nos roube uns instantes de contentamento.



1 comentário: