domingo, 1 de março de 2015

Cotovias

confundo sempre a chegada das flores
com a miragem do regresso, embora saiba
com exactidão onde residem as memórias.

confundo a chegada das flores com os dias
das imagens interditas-entre ditos-entre dentes
do desejo e das auroras desfolhadas.

mas não sei onde nascem as corolas, 
nem onde se movem os dias insistentes-demorados
da partida. cantar a chegada das flores

soa, assim, ao canto fantasma das cotovias,
demoradas elas mesmas nos espaços abertos
das almas amanhecidas nas vertentes solares

das procuras e das almejadas marés azuis
onde, dantes,moravam os ombros 

e os corpos todos da espuma e do ar sobrevoado
por entre os interstícios das peles.

Susana Duarte

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